quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Crônica do Metrô

COM A PERMISSÃO DO MEU QUERIDO PROFESSOR MARCELINO FERNANDES VENHO POSTAR AQUI A SUA CRÔNICA DO METRÔ, QUE NUNCA MAIS ME FARÁ ESQUECER O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA NO SERVIÇO PÚBLICO.

MUITO OBRIGADA MEU MESTRE.

UMA AVENTURA METROPOLITANA (by Prof. Marcelino Fernandes)


Em minhas aulas de Direito Administrativo, ao falar da Administração Indireta, sempre dava como exemplo a Cia do Metropolitano de São Paulo– Metrô – como uma Sociedade de Economia Mista, mas fazia muito tempo que eu não usava este transporte coletivo, um orgulho de eficiência e limpeza no mundo, embora faltem muitos quilômetros para atender as necessidades paulistanas. Mas estou escrevendo estas linhas para relatar ocorrido num final de tarde de uma sexta feira de 2007, quando me ligaram de um curso na paulista, para que eu ministrasse uma aula no lugar de uma professora que estava doente, mas era sexta feira, dia de rodízio da placa do meu carro (rodízio: se você não é de Sampa e nem acompanha as notícias daqui, saiba que é uma lei que limita a propriedade de seu veículo uma vez por semana, conforme o final da placa, ou seja, como as autoridades não resolvem o problema do trânsito, sobra para os donos de veículos). Relutei, mas em face da insistência da secretária, resolvi aceitar e decidi ir de Metrô, para não correr o risco de receber uma multa. Deixei meu carro em um estacionamento na estação da Parada Inglesa – Zona Norte – por volta das 18:10 h e comprei o bilhete, depois de uma filinha de umas 15 pessoas ( a falta de experiência me fez comprar um só me esquecendo da volta ), e ao me dirigir para a plataforma de embarque vi que não daria para ir sentado, pois não sei por qual motivo os trens estavam vindo lentamente, portanto me preparei para ir em pé até a estação Paraíso onde embarcaria para a estação Brigadeiro, mas nem imaginava a aventura que iria iniciar.
Entrei no trem que não estava muito lotado, mas não existiam bancos vazios e algumas pessoas em pé, e foi assim até a estação Tietê, quando uma multidão com malas, caixas e até um mini-fogão adentrou o vagão em que eu me encontrava, e já tive que me postar próximo a porta, e a cada estação o trem recebia mais passageiros, parecia que todos estavam indo para o mesmo destino que eu, pois simplesmente ninguém descia. De repente estava na estação São Bento, quando já me encontrava totalmente esmagando segurando minha mala de livros, com um negrão de 1,90m, com o desodorante vencido a horas, me encoxando e ao mesmo tempo em que eu fugia desse cidadão, tentava não constranger um mulher que estava praticamente com os seios na altura de meu rosto, imprensando-os de forma constrangedora, mas o pior ainda estava por vir. E assim chegamos à estação Sé, e como estava próximo da porta, e eu juro: não queria descer naquela estação, mas levado por uma turba de pessoas, como o estouro de uma boiada, saí rodando como um peão e segurando minha mala, e o pior, fugindo daquele negrão que me impulsionou para fora, pensei que ia perder o trem, mas pessoas que iam entrar no mesmo vagão e, (diga-se de passagem) por um local proibido, já que o embarque era por outro lado, fui arremessado para dentro do trem novamente, mas agora graças a Deus sem o negrão atrás de mim, porém, por incrível que pareça com mais gente ainda. Parecia que estava tudo combinado, pois estava novamente com outro cara atrás de mim, embora não fosse o negrão supramencionado era um trabalhador também com o desodorante vencido pelo menos há uns três dias e uma marmita que ele trazia debaixo do braço esquerdo que me cutucava as costas. E agora a minha frente estava com uma mulher com um quadril de uns dois metros de diâmetro, e a minha esquerda aquele que havia embarcado com malas e caixas na estação Tietê e a esquerda um senhor segurando o braço de uma criança, que por sua altura estava, com certeza, numa posição pior que a minha.
Nessa situação nem precisava segurar nos ferros, pois seria impossível cair. Para que aquela mulher não pensasse que eu fosse um maníaco do Metrô, olhei para o chão, e tirei meu pé direito para colocá-lo no único espaço vazio que eu encontrei, onde me livraria daquela bundona enorme e da encoxada do trabalhador, mas foi tudo em vão. Não fui tão rápido, pois depois que já tinha tirado o pé direito do chão ao tentar chegar ao meu destino já havia outro pé ali, e aí o pior aconteceu, inacreditável!!! Tentei voltar com o pé direito ao mesmo local que ele se encontrava, mas lá já existia outro pé, foi quando a única alternativa, foi o pé direito pedir desculpas ao meu pé esquerdo e ficar um em cima do outro, isso mesmo, meu pé direito em cima do esquerdo, a fotografia da situação era a seguinte: um trabalhador fedido me encoxando, eu segurando minha mala, pisando no meu próprio pé, e sendo ameaçado pelo olhar da bunduda, de receber um tapa na cara e ainda ser chamado de tarado, afora a preocupação com minha carteira e meu celular. Ufa!!!! Cheguei à estação Paraíso, que pelo nome teria a obrigação de ser algo melhor que aquela situação constrangedora, porém quem disse que consegui desembarcar? Só consegui me livrar da aventura na estação Saúde, onde retornei chegando em cima da hora para uma aula onde falei de eficiência no serviço público.

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